E Jesus ficou Sozinho

Só por um breve momento, Jesus faz questão de mostrar-nos seu verdadeiro semblante. Mas só por um breve momento. É o quanto basta para animar nossa fé vacilante.

Pois, sabemos muito bem que Ele, para entrar na gloria definitiva, precisou passar pela humilhação da cruz e do sepulcro. De fato logo que as luzes da transfiguração se apagam, Ele fica só e despojado de qualquer sinal de glória. E, assim, Ele que é o filho de Deus, volta a ser o filho do homem. Ele que é a fonte da luz, deixa-se atingir pelas trevas. Ele que é onipotente, torna-se a fragilidade, Ele que é o Senhor de tudo, fica sem onde reclinar a cabeça... Este "ficar só " de Jesus é a aceitação de viver como ser humano entre seres humanos; pobre entre os pobres, fraco entre os fracos; humilhado entre os humilhados; injustiçado entre os injustiçados; indefeso perante a vidência, à semelhança de tantos violentados sem proteção....

O Jesus só, da transfiguração, é o Jesus sem recursos, sem armas e sem soldados, sem apoio e sem poder. É o mesmo Jesus do cálice amargo da paixão e da agonia, da cruz e do sepulcro. Foi seu amor por nós que assim o reduziu. Mas, ficando só, Ele quis nos ensinar que permanecer no mundo em comunhão de amor com a grande massa de sofredores e abandonados é a melhor maneira de imitá-lo no serviço àqueles que não tem como sobreviver sem nosso socorro.

Agora, entre o Jesus momentaneamente transfigurado e o Jesus "só", nos convém escolher o segundo. Os discípulos pouco se entusiasmaram com o Jesus "só". E foi assim que, na hora da traição eles nem reagiram; na hora da agonia dormiram, na hora da condenação o renegaram; na hora da cruz fugiram.

Quanto a nós, é bom tomarmos todo cuidado; se quisermos acompanhar o Cristo da glória, cuidemos para não abandona-lo na hora das trevas.

Carlos Green